Um fato interessante na aprendizagem do adulto é que ele espera a aplicação imediata do aprendizado, de tudo aquilo que aprende em sala de aula, ou seja, possui pouco interesse por conhecimentos a serem úteis num futuro distante. Adultos preferem aprender a resolver problemas e desafios mais do que aprender simplesmente um assunto, e as motivações internas tais como, o desejo por uma promoção, a satisfação pela realização de uma ação recém-aprendida, são mais intensas do que as motivações externas como notas, aplicabilidade em pesquisas, reconhecimento acadêmico, etc.
O aprendiz adulto não deve ser tratado como se fosse um adolescente e estivesse apenas começando a entrar no labirinto da vida. Os professores devem ser capazes de compreender que este aluno (com mais idade do que eles, às vezes) requer desafios e sua atenção precisa ser despertada. Mais do que ficar ouvindo, passivamente, a exposição muitas vezes abstrata e tediosa de um assunto, precisa gerir seu aprendizado e seu desenvolvimento profissional.
A andragogia pode ser uma boa ferramenta didática, mas para isso o professor deve aprender que os adultos precisam que ele lhes ajude a compreender a importância prática do assunto a ser estudado, experimentar a sensação de que cada conhecimento fará diferença e mudará efetivamente suas vidas, mesmo que não sejam aplicados naquele momento.
Segundo Jacques Delors,
a educação para o século XXI deve ser direcionada para os quatro tipos fundamentais de aprendizagem: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver com os outros e aprender a ser:
Aprender a conhecer, combinando uma cultura geral, suficientemente vasta, com a possibilidade de trabalhar em profundidade um pequeno número de matérias. O que também significa: aprender a aprender, para beneficiar-se das oportunidades oferecidas pela educação ao longo de toda a vida.
Aprender a fazer, a fim de adquirir, não somente uma qualificação profissional mas, de uma maneira mais ampla, competências que tornem a pessoa apta a enfrentar numerosas situações e a trabalhar em equipe. Mas também aprender a fazer, no âmbito das diversas experiências sociais ou de trabalho que se oferecem aos jovens e adolescentes, quer espontaneamente, fruto do contexto local ou nacional, quer formalmente, graças ao desenvolvimento do ensino alternado com o trabalho.
Aprender a viver juntos desenvolvendo a compreensão do outro e a percepção das interdependências – realizar projetos comuns e preparar-se para gerir conflitos – no respeito pelos valores do pluralismo, da compreensão mútua e da paz.
Aprender a ser, para melhor desenvolver a sua personalidade e estar à altura de agir com cada vez maior capacidade de autonomia, de discernimento e de responsabilidade pessoal. Para isso, não negligenciar na educação nenhuma das potencialidades de cada indivíduo: memória, raciocínio, sentido estético, capacidades físicas, aptidão para comunicar-se.
Para caminharmos para esse caminho ideal, possibilitando a aplicação imediata do aprendizado, é preciso que o educador e os centros acadêmicos estejam preparados para atender as expectativas do aluno e portanto, será necessário que sejam introduzidos conceitos andragógicos nos currículos e abordagens didáticas dos cursos superiores.
Os estudantes precisarão que lhes indiquem o melhor caminho a ser seguido e que sejam estimulados a trabalhar em grupos, a desenvolver ideias próprias, a desenvolver um método pessoal para estudar, a aprender como utilizar modo crítico e eficiente, assim como os meios de informação disponíveis para seu aprendizado.
Concorda com isso? Deixe o seu comentário e acesse nosso outro artigo sobre o tema: Imediatismo da Aprendizagem.
Para referenciar o artigo, utilizar:
Beck, C. (2015). A aplicação imediata do aprendizado. Andragogia Brasil. Disponível em: https://andragogiabrasil.com.br/a-aplicacao-imediata-do-aprendizado/