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Formação em Portugal

Cursei um Doutoramento em Ciência da Educação na Universidade do Minho e aprendendo com Portugal. Um dos meus objetivos, além do curso, foi o de investigar a educação de adultos (Andragogia), a formação de formadores nos países europeus e o aprendizado nos meses em que estive lá, tem sido muito satisfatório.


Hoje resolvi compartilhar com vocês como funciona um pouco da Formação de Formadores (Instrutores) em Portugal, e desde já digo que temos muito a aprender com esse sistema. Está pronto(a)? Vamos lá.


Primeiro gostaria de ilustrar que no Brasil, qualquer profissional que queira atuar como instrutor (facilitador de aprendizagem), poderá seguir esse caminho, certo? Quem avalia ou aposta em suas competência será o próprio cliente. Não há um órgão, ou mesmo uma instituição de ensino voltada para a formação/fiscalização desse tipo de serviço.


Perceba que atuo há 10 anos como instrutor de treinamentos e tenho muitos colegas que estão nessa mesma função. A maioria deles, são profissionais que se especializaram numa determinada área (ex.: segurança do trabalho, gestão de pessoas, vendas, etc) e resolveu transmitir suas experiências em sala de aula. Até então, sem problemas, se não pelo fato de que ‘aprender algo’ é muito diferente de ‘ensinar algo’. Não é porque você domina um assunto/conteúdo, que conseguirá transmiti-lo com êxito.


O que acontece em Portugal é um pouco diferente na questão de formação de formadores. Aqui eles possuem o CCP (Certificado de Competências Pedagógicas), antigamente conhecimento como CAP. Para conseguir tal certificação, você precisa participar de um curso de Formação Pedagógica Inicial de Formadores (FPIF), reconhecido e autorizado pelo IEFP (Instituto do Emprego e Formação Profissional).


É um serviço público, com o objetivo de promover a qualidade do trabalho, e claro, combater o desemprego. Sendo assim, todo e qualquer Formador (instrutor) que queira ministrar treinamentos, em qualquer parte de Portugal, deverá apresentar um CCP. Tanto que, nas próprias vagas de trabalho para formadores, esse é um requisito. Sem isso, você não consegue atuar na função, pelo menos, não nas grandes empresas.


No meu ponto de vista, isso é uma vantagem, pois padroniza as competências técnicas mínimas daqueles que educam os profissionais para o mercado de trabalho. Qualquer empresa que irá contratar os serviços do formador, poderá consultar seu CCP, verificar sua veracidade e também o desempenho do indivíduo durante seu processo de obtenção do certificado.


Realizei minha formação e confesso que o curso é muito bom, puxado e um pouco mais teórico do que prático. Realmente considero que estou aprendendo com Portugal. Existem pontos a melhorar, porém somente pelo fato de existir tal certificação, me deixa muito contente. Também destaco que muitas instituições oferecem tal formação, e todas aprovadas/certificadas pelo IEFP.


Sobre os requisitos para obter o CCP, além da formação necessária, é preciso que o profissional tenha o 9º ano de escolaridade. O valor do curso gira em torno de 150 euros e é cobrado um valor padrão de 50 euros para o processo de certificação. Com isso, você estará apto a a exercer a atividade de formador.


Se tivéssemos isso no Brasil, penso que teríamos um ganho muito grande na formação de formadores, na qualidade dos trabalhos e também, uma inibição aos instrutores que conhecemos como ‘executores de aulas‘, que simplesmente ‘copiam slides’, fazem suas leituras e não dominam as competências necessárias para formar aprendizes adultos.


Também acredito que a vantagem de termos um Certificado de Competências, passa maior segurança para a empresa que contrata o formador, palestrante, coach, etc, certificando que ele saberá o que fazer em sala de aula, dominando técnicas, ferramentas e metodologias eficazes para a condução do serviço.


É claro que hoje existem cursos no Brasil para formar instrutores, a questão é que cada empresa emite o próprio certificado e desenvolve o conteúdo programático que melhor julgar eficaz. Em Portugal, até a estrutura modular é padrão, havendo 9 módulos, numa carga horária estimada de 90 horas.


Segue a estrutura:

  • MF1 – Formador: Contextos de Intervenção

  • MF2 – Simulação Pedagógica Inicial

  • MF3 – Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação

  • MF4 – Metodologias e Estratégias Pedagógicas

  • MF5 – Operacionalização da Formação: do plano à ação

  • MF6 – Recursos Didáticos

  • MF7 – Plataformas Colaborativas de Aprendizagem

  • MF8 – Avaliação das Aprendizagem

  • MF9 – Simulação Pedagógica Final


E você, o que acha disso? Acredita que ao ter a certificação centralizada num órgão, facilita a fiscalização e a padronização das formações? Quais são as vantagens para a formação de formadores? Comente aqui e vamos trocar saberes sobre como estamos aprendendo com Portugal e com demais práticas interessantes.

 

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