Você dorme bem? Existem muitos artigos que defendem a importância do sono na aprendizagem, mas será que existe uma receita que serve para todo mundo? Saiba que a qualidade do sono afeta diretamente as funções intelectuais de modo decisivo, regulando as forças mentais durante o período ativo do dia e armazenando o conhecimento e as experiências valiosas da pessoa enquanto ela dorme.
Cada etapa do sono é usada pelo cérebro para estocar determinado tipo de informação. As musicais, atividades físicas ou qualquer outra atividade motora são gravadas logo nos primeiros minutos, já as questões espaciais, como o senso de direção, são memorizadas na sequência. Aquelas ligadas ao pensamento lógico e matemático são registradas durante as etapas finais dos ciclos do sono, essas memórias intelectuais são marcadas pela movimentação veloz dos olhos sob as pálpebras e permeadas de sonhos.
Isso acontece porque as informações captadas ao longo do dia chegam ao hipocampo, região do cérebro onde fica uma substância (a acetilcolina) capaz de receber e guardar temporariamente os conhecimentos. Durante o sono, essa substância permanece praticamente inativa, uma vez que o cérebro não recebe novas informações nesse momento.
Essa é uma área ainda pouco explorada, mas que de um tempo para cá vem recebendo vários estudos, pesquisas e comprovações de que o sono influencia, e muito, na aprendizagem. Inclusive, pesquisas apontam os piores e melhores horários para aprender, totalmente influenciado com o seu período de sono.
Você sabia que os primeiros horários do dia não são ideais para o aprendizado? Segundo pesquisas, nossos neurônios precisam de pelo menos 2 horas para voltar à ativa após o sono. O mesmo acontece no final do dia, quando o corpo produz melatonina e o cérebro passa a funcionar em ritmo mais lento.
Quanto ao horário ideal para acordarmos, de acordo com pesquisas, o melhor sono para o aprendizado se encerra por volta das 6 da manhã. Por duas razões: Primeiro, porque o corpo está biologicamente “programado” para o repouso até essa hora. A temperatura do corpo está 1 grau Celsius mais baixa. O segundo motivo: quem acorda mais cedo consegue aproveitar todos os picos de aprendizado.
Quem sai da cama por volta das 8 da manhã tem o período favorável à atividade intelectual reduzido em 20%. Há um certo consenso sobre a impossibilidade de compensar mais tarde o tempo de atividade máxima perdido pela manhã.
Nesse momento você deve se questionar: Mas e qual o melhor horário para dormir? Bem, já li várias pesquisas de pessoas estudiosas que não mantinham um sono regular. Inclusive recentemente tive acesso a uma pesquisa sobre o poder dos “power-naps“, ou os poderosos cochilos. É um estudo fantástico que fala sobre a qualidade do sono, como ‘reiniciar’ o cérebro e melhorar sua produtividade, assim como quais os ciclos de sono e possíveis formas de adaptações.
O compilado de informações em português, você encontra aqui. A NASA também já aplica os ‘pequenos cochilos’ em seus astronautas. Inclusive recomento um artigo sobre isso: https://science.nasa.gov/science-news/science-at-nasa/2005/03jun_naps/
O inventor da lâmpada e do gravador de som, o americano Thomas Alva Edison (1847-1931), cultivava um ideal de noite perfeita. Ela deveria fornecer o máximo de energia para um novo dia de trabalho criativo sem consumir tempo em excesso. Edison pregava os olhos por no máximo três horas seguidas. Ao despertar, avaliava a qualidade da noite anterior e anotava detalhes em um diário.
Leonardo da Vinci (1452-1519) acordava antes do resto da humanidade, mas reservava quinze minutos a cada duas horas para tirar uma soneca. O pintor da Mona Lisa e idealizador do princípio do voo do helicóptero conseguia assim encarar seus desafios com a mente descansada.
Albert Einstein (1879-1955) determinou ser a luz a única constante do universo, mas gostava mesmo era de penumbra. Ele dormia dez horas por noite e, a cada ideia nova, se premiava com uma hora extra na cama. Intuitivamente, os três gênios perseguiam uma rotina noturna pessoal capaz de prover combustível a suas mentes poderosas. Só agora a medicina está explicando os efeitos notados por Edison, Da Vinci e Einstein.
Poderia dar vários exemplos aqui, mas perceba que não há uma regra, uma lei ou a dica ideal. E sim, formas de otimizar o sono para melhorar o aprendizado durante esse período. Para 90% das pessoas, o repouso ideal tem a duração de oito horas (1/3 do seu dia). É o tempo necessário para concluir os ciclos de sono – um padrão favorável tanto ao descanso como à memória. Há quem alcance o mesmo efeito antes disso, mas é uma minoria.
E você, quanto tempo costuma dormir? Teste o seu aprendizado em diferentes horários, quem sabe não descobre uma forma mais eficaz de aprender, memorizar e descansar?! A importância do sono na aprendizagem pode variar de acordo com cada um, portanto faça diversos testes.
Para referenciar o artigo, utilizar:
Beck, C. (2017). A importância do sono na aprendizagem. Andragogia Brasil. Disponível em: https://andragogiabrasil.com.br/a-importancia-do-sono-na-aprendizagem/