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Foto do escritorCaio Beck

Andragogia é a Panaceia da educação?


Como sempre, gosto de iniciar o artigo trazendo a explicação do título ‘Andragogia é a Panaceia da educação?‘ Panaceia é uma palavra com origem no grego panákeia, sendo que pan significa “todo” e ákos significa “remédio”. Desta forma, a palavra indica uma substância que cura todas as doenças. Vale citar também que na mitologia grega, Panaceia era a deusa da cura, irmã de Hígia, deusa da saúde e higiene.


É comum receber de meus alunos a seguinte pergunta: 


Caio, você acha que a Andragogia é a solução para a educação brasileira? 

Vou compartilhar com vocês, o que sempre respondo para eles. A Andragogia, por mais que seja considerada uma solução por muitos autores, pensadores, filósofos, etc, não pode ser a cura para todos os males. Você pode encará-la como uma ciência, uma arte, uma metodologia, uma ferramenta, ou até mesmo como um suporte aos educadores de adultos.


“E se o MEC hoje, mudasse a metodologia do ensino superior, substituindo as práticas pedagógicas pelas andragógicas, tudo se resolveria?” Acredito que o que falta para nós, educadores, assim como para as instituições de ensino e até mesmo aos aprendizes, é mudar a visão sobre como ensinamos e como aprendemos. Não é porque usamos a pedagogia como base de ensino que os resultados são insatisfatórios, assim como não é usando a Andragogia, a Heutagogia, a Hebegogia, a Cybergogia, a Gerontagogia ou qualquer outra ciência agógica que as coisas irão mudar por aqui.


Agora, o que tenho que defender é que com as práticas andragógicas os educadores se sentem mais preparados a entender e desenvolver o aprendiz adulto, isso é fato. Pense em recursos didáticos, técnicas e ferramentas educacionais, que te permitem utilizar (ou não) quando identificar tal necessidade. A grande questão é que falta aos nossos professores, acesso, conhecimento e força de vontade. Quando escrevo aqui sobre métodos de ensino, não me recordo de algum que seja recente, criado nos últimos anos. É coisa antiga, que muitos educadores já poderiam aplicar a décadas, séculos… portanto, o problema não está no método e sim em quem deveria aplicá-lo.


Quando compartilhei com vocês a pesquisa que mostrava que nenhum jovem queria se tornar professor, ou quando trago estatísticas que apontam a educação brasileira sempre nas últimas posições, não podemos culpar um método de ensino, até porque sabemos que o professor, por mais que receba cartilhas, planos de aulas pré-formatados e que o modelo acadêmico seja engessado, é ele quem resolve ser o detentor do conhecimento e se posicionar com o aprendizado unilateral.


Você tem os métodos, as ferramentas, as técnicas… mas de que adianta isso se em sala de aula, você (professor) ainda ensina de maneira ‘top-down’? Os exemplos e as referências são com base em suas experiências, de nada adianta. Enquanto formos desinteressantes, não buscarmos envolver a turma, os métodos serão inúteis, sejam eles quais forem. Recentemente em uma palestra um participante ergueu a mão e levantou a seguinte questão: “São os alunos que estão desinteressados, ou os professores que são desinteressantes?”


Me recordo de responder com um exemplo, cujo qual, compartilho com vocês: “Ótima pergunta. Você é casado? Se sim, peço que imagine quando chega em casa, cansado após um dia intenso de trabalho, com fome e com saudade de sua esposa.


Você se senta na mesa e percebe que ela preparou uma ótima janta. Assim que você se serve, ela pega na sua mão e começa a contar sobre a ‘novela das 6’, detalha uma briga dos personagens principais, que romperam o relacionamento 3 dias antes do casamento. (‘continue imaginando’, pedi) Durante uns 7, 8 minutos ela resume o capítulo de hoje, trazendo fatos que você desconhece. Cita nomes, casos, intrigas e fatos que você não consegue absorver, pois não assiste a novela, nem o interesse tem.”


Assim como o exemplo dado, apesar de uma brincadeira, encontramos muito isso em sala de aula. Usei o exemplo da novela, mas poderia ter feito o inverso, com o marido contando sobre o jogo de futebol no final de semana. A questão é a referência do professor em pé, diante da turma, falando e expondo aquilo que lhe convém, sem saber se os alunos se interessam pelo tema, ou se no mínimo, conseguem absorver os exemplos e conteúdos aplicados. Precisamos entender que existem alunos que gostam de novelas, mas que existem outros que preferem filmes, seriados, desenhos, etc. Precisamos nos adaptar a isso, pois nossos interesses nos motivam!


Perceba então que não é a metodologia e sim, o que consideramos como princípios educacionais. Temos que quebrar esse conceito de que o professor é detentor de todo o conhecimento, de que o aluno precisa apenas ouvir e ao final da aula ser avaliado. Já existem instituições que nem professor em sala de aula há. Outras que não aplicam avaliações, existem também aquelas onde os alunos compartilham suas experiências e como já trouxe em outro artigo, existem escolas onde os professores aprendem com os alunos. É apenas uma questão de conceitos, de valores, de aceitar mudanças.


Para finalizar esse artigo, quero deixar uma provocação para que possamos refletir sobre como utilizar a Andragogia para melhorar a educação brasileira. Vejo muitos professores dizendo que não recebem instruções, que não sabem o que fazer em caso de turmas heterogêneas, que quando encontram salas cheias não sabem produzir e que desconhecem métodos para melhorar seu desempenho. Como já dizia Clarice Lispector 


“Aquilo que desconheço, é minha melhor parte“,

pois é aquilo que ainda não sei. Se você não sabe, ótimo, utilize isso como uma oportunidade de renovação.


Se você está lendo um artigo do blog pela primeira vez, te convido a conhecer mais sobre a história da Andragogia.

 

Para referenciar o artigo, utilizar:

Beck, C. (2017). Andragogia é a Panaceia da educação? Andragogia Brasil. Disponível em: https://andragogiabrasil.com.br/andragogia-e-a-panaceia-da-educacao/

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