Cultura Maker: uma filosofia.
A necessidade de adaptações da educação à tecnologia e à modernidade, traz consigo uma série de conceitos que embasam uma nova forma de entender o processo de ensino mas principalmente, o processo de aprendizagem. Uma delas é o conceito de Cultura Maker, que adveio do Movimento Maker e tem um carácter e uma visão progressista dos processos educativos e de qualquer outra atividade que demande independência, criatividade e disposição.
Significado da palavra maker
Maker é uma palavra em inglês que significa fazedor, no sentido de criador, realizador, fabricante. A ideia por trás deste termo, é de inspirar a autonomia do indivíduo na construção (literalmente) de seus apoios para o processo educativo. Para a Andragogia, como sempre esclarecemos aqui, essa autonomia é pressuposto básico para o adulto, portanto, o maker conversa diretamente com essa ciência da educação.
O Movimento Maker
Logo após os inúmeros indícios de evoluções tecnológicas e a necessidade dos indivíduos de aprenderem junto à elas, o Movimento Maker, que recebeu este nome justamente por indicar uma série de movimentos que caminhavam para a autonomia das atividades e o próprio ‘fazer’ das coisas, data sua origem no começo dos anos 2000, assim como foi consolidado com duas ações específicas:
A criação da Revista Maker.
O surgimento da Maker Faire, para que os makers pudessem se encontrar, produzir e compartilhar suas ideias.
A consolidação do Movimento Maker foi indispensável para que durante os anos, as práticas de criar, idealizar, realizar, fabricar e fazer, tomassem proporções tão gigantescas que criassem uma ‘forma de vida’, transformando-se no que viria a ser, a Cultura Maker. Já que, por cultura, entende-se como os hábitos de uma determinada sociedade. Neste caso, a sociedade dos makers.
Cinco anos depois, após ser consolidado, o Movimento Maker contou com a publicação de um ‘Manifesto’. E mais uma vez, podemos relacioná-los com os princípios andragógicos e a educação dos adultos. Os preceitos do Movimento Maker foram publicados pelo Inglês Dale Dougherty.
Os 10 princípios do Manifesto Maker
1- Faça: nada melhor do que fazer e criar algo que nos expresse.
2- Compartilhe: toda criação ou aprendizado deve ser compartilhado.
3- Presenteie: a sua criação conta um pouco de você.
4- Aprenda: aprender vai garantir uma existência produtiva e feliz.
5- Equipe-se: cada projeto exige ferramentas adequadas, que sejam baratas, acessíveis e fáceis de usar.
6- Divirta-se: veja seu projeto também como algo divertido.
7- Participe: não deixe de ir a seminários, festas, eventos e outras atividades com adeptos do Movimento Maker!
8- Apoie: todo projeto precisa de apoio emocional, intelectual, financeiro, político e institucional. Contribua para um mundo melhor.
9- Mude: a mudança é um processo natural na criação de um projeto e você deve aceitá-la.
10 – Permita-se errar: é errar para aprender.
A Cultura Maker e a educação (Andragogia)
Um breve histórico sobre o surgimento da Cultura Maker no âmbito da educação, passa pelo pensamento do matemático sul-africano Seymour Papert. A inspiração vem de sua teoria de que o aluno constrói o conhecimento a partir dos seus interesses, sendo mais uma vez, relacionado ao princípio de motivação, interesse e necessidades dos indivíduos para a Andragogia. Além disso, ele enfatiza a construção de objetos reais na produção deste conhecimento utilizando a tecnologia como recurso.
Agora mais pessoas estão fazendo trabalho que requer tomada de decisão individual e resolução de problemas, e precisamos de um sistema educacional que ajude a desenvolver essas habilidades. (Papert).
Com relação à tecnologia e os indivíduos adultos, esta pode ser uma relação que encontra alguns obstáculos. Porém, a Cultura Maker parte justamente desse incentivo ao aprender fazendo e torna-se um excelente momento para que isto ocorra. As atividades baseadas na Cultura Maker contribuem para o desenvolvimento do senso crítico, tomada de decisão, bem como, para os trabalhos em grupo.
A partir dessa ótica, os indivíduos adultos se sentem capazes de produzir conhecimento e transformar a realidade, ver a aplicação desses conhecimentos produzidos, em sua realidade, culminando em mais um dos interesses andragógicos (conhecimento útil e aplicável). O Movimento Maker e a filosofia de Cultura Maker conversam além de tudo, com novas formas de enxergar a realidade e a tecnologia, como é o exemplo do Metaverso. Apesar de não se tratar de conceitos imensamente recentes, ainda estão buscando por espaços fixos dentro da educação e pelo desenvolvimento de competências e habilidades adequadas aos indivíduos dentro desse processo.
Será que esta será uma realidade em pouco tempo? Qual a sua sugestão? Ficarei feliz em saber. Até uma próxima leitura!
Para referenciar o artigo, utilizar:
Cosme, E. (2022). Cultura Maker na Andragogia. Andragogia Brasil. Disponível em: https://andragogiabrasil.com.br/cultura-maker-na-andragogia