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Foto do escritorCaio Beck

O papel da experiência em sala de aula

O conceito de experiência, em um sentido coloquial, geralmente se refere ao conhecimento de como fazer algo. Também é relacionado à memória, a percepção e a vivência pelo qual um indivíduo passou, tanto em sua vida pessoal, como profissional. O papel da experiência em sala de aula, como base para as atividades de aprendizagem, segue um dos princípios andragógicos elaborados por Knowles e defendido por diversos outros autores.


A experiência do aprendiz adulto tem central importância como base de aprendizagem. É a partir dela que ele se dispõe, ou se nega a participar de algum programa de desenvolvimento. Alguns alunos preferem ainda o sistema adotado pela transmissão de conhecimento unilateral vindo do professor, a utilização do livro didático, os recursos audiovisuais, dentre outras fontes que, por si mesmas, não garantem influenciar o indivíduo adulto para a aprendizagem.


Considerando que uma pessoa em sua fase adulta vivenciou diversas experiências, espera-se que ela tenha facilidades para determinados assuntos, dificuldades de compreensão em outros e interesse despertado em algo que está relacionado ao seu dia-a-dia, ao seu ambiente de convívio ou em algum ponto que tenha lhe despertado curiosidade.


Influenciar o adulto para a aprendizagem é dar a opção de livre escolha do material, dos recursos e do currículo, não com pensamento anárquico e sim, com o propósito de conhecer o que, como e porque o aluno adulto quer aprender. Várias inovações educacionais, como programas não-tradicionais, Universidade Aberta, Escola do Saber, faculdades de semana, entre outros, exigiam que os alunos assumissem uma grande responsabilidade e iniciativa na sua própria aprendizagem.


Experiências de vida

A idade adulta leva a independência e faz com que o aluno seja capaz de criticar e analisar situações, relacionando-as com as experiências já vividas e tendo a capacidade de aceitar ou não a informação que lhe é apresentada. Se a instituição de ensino distanciar a teoria ensinada da realidade a qual o aluno adulto está inserido, não despertará o interesse e os rendimentos serão abaixo do esperado.


O adulto precisa enxergar na prática, como aplicar os ensinamentos transmitidos em sala de aula e é nesse momento que a experiência é fundamental para o processo de aprendizagem. Se o aluno já passou por uma situação a qual se defrontou com uma barreira e não conseguiu superar, ao conhecer a resposta em sala de aula, seu interesse será garantido. O mesmo serve para situações onde o adulto se deparou com um problema a qual não encontrou a resposta, seja na sua vida particular, no seu trabalho, ou em uma situação cotidiana, quando o tema é abordado pelo educador, a atenção será despertada mesmo que inconscientemente.


Em conjunto com a experiência individual do aluno adulto, existem os valores, os conceitos e pré-conceitos formados durante as vivências pessoais, que determinarão as formas de se relacionar com os demais alunos, as formas de tratamento, as expressões respeitosas ou desrespeitosas, mas que são muito úteis na visão andragógica. As experiências prévias são indicadores da importante influência que este tipo de saber, têm no desenvolvimento individual do aprendiz.


Acredito que conhecendo as experiências do aluno adulto e mantendo a proximidade, o educador pode utilizar desses conhecimentos para agregar nas práticas educacionais, trazendo exemplos práticos, relacionando com o ambiente a qual o aluno está inserido e fazendo com que ele se envolva e compartilhe a sua visão sobre o tema abordado.


Cada experiência compartilhada em sala de aula e que se relacione com o tema abordado, é um recurso a mais para o educador e deve ser bem aproveitado. No modelo andragógico de educação, o professor norteará o aluno a relacionar toda a teoria com as experiências vividas e seus objetivos pessoais. Isso porque, assim, ele será capaz de interpretar as situações em que vive baseado em sua própria experiência de vida.


Relacionando suas experiências com o conteúdo abordado, o aluno age de maneira mais crítica, com liberdade de escolha e mais autonomia, sentindo-se capaz de relacionar coisas simples como, por exemplo, a utilização do Teorema de Pitágoras em sua vida profissional, a correta grafia em uma elaboração de textos, ou a aplicação das Leis de Newton em algum momento de sua vida pessoa.


O indivíduo adulto, quando colocado em uma situação onde enxerga a real aplicação de um conhecimento, se sente confortável a negociar com o professor, argumentar e discutir, a troca de informações e experiências ocorre, acabando assim, com o monólogo. Nos conceitos andragógicos o professor trabalha a autonomia do adulto, levando-o a conhecer outras formas de explicações e relações do conteúdo abordado, não utilizando o método engessado de textos e comunicação unilateral.


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Para referenciar o artigo, utilizar:

Beck, C. (2015). O papel da experiência em sala de aula. Andragogia Brasil. Disponível em: https://andragogiabrasil.com.br/o-papel-da-experiencia-em-sala-de-aula/

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